Ouve, ó Israel; Jeová nosso Deus é o único Deus. Amarás, pois, a Jeová teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. Estas palavras que eu hoje te intimo, estarão sobre o teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás, sentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te.
Atá-las-ás como sinal na tua mão, e serão por frontais entre os teus olhos.
Escrevê-las-ás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas. Dt 6: 4-9
A pedagogia do exemplo pode ser definida como um conjunto de princípios e métodos de educação e instrução que tem como objetivo a vida prática, o dia-a-dia, os relacionamentos. O professor ensina através de tudo que pode ou deve ser imitado. Ensinar através do exemplo é a melhor maneira de influenciar as pessoas, e inculcar fortemente os princípios ensinados. Eclesiasticamente podemos definir como: O modelo de relacionamento com Deus que influência quem está perto. É o processo educacional mais rudimentar, que se inicia, nos primeiros anos de vida, a partir do relacionamento do ser humano com o meio em que vive. É o que marca mais profundamente.
No texto, destacamos que a educação cristã não se fundamenta apenas na intelectualidade. Há algumas palavras que norteiam a passagem e que estão diretamente relacionadas com a educação, são elas: “coração” (elementos emotivos ou afetivos); “inculcarás” (cognitivos) e “assentados”, “andando”, “deitar-se” e “levantar-se” (práticos). A palavra inicial é “coração”, que não pode ser confundida só com emoções, antes se refere ao princípio de que o amor a Deus, o qual deve ser manifesto em atitudes práticas, por exemplo: O envolvimento nas atividades da Igreja, deve impregnar toda vida cristã.
No texto acima é citado alguns costumes judeus, como:
Tefilin (significa"prece") é o nome dado a duas caixinhas de couro, cada qual presa a uma tira também de couro, dentro das quais está contido um pergaminho com os quatro trechos da Palavra de Deus. Há quatro referências na Bíblia e Deuteronômio 6:8 é uma delas, que enfatizam que os judeus devem usar um símbolo “sobre tua mão e como memória entre teus olhos”, que sirva como lembrete para obedecer aos mandamentos de Deus e, em particular, como um lembrete de que Ele os redimiu da escravidão do Egito e os conduziu até a terra prometida.
Os Tefilin é colocado na cabeça simboliza a lealdade intelectual; a Tefilá colocada na mão recorda àquele que a coloca de que deve servir a Deus com todas as suas forças.
A partir da ordem destes versículos, os rabinos concluíram que “a mão que escreve deve ser a mesma que ata”.
Mezuzá, do hebraico, umbral (Caixa que protege o pergaminho) - Hoje em dia, Para cumprir a finalidade de servir como lembrete aos judeus, para se conscientizarem e se elevarem na direção de Deus, a Mezuzá é fixada sempre no terço superior do batente direito da porta (altura dos olhos) da casa e da maior parte de seus cômodos.
Tanto Tefilin como a Mezuzá, nos adverte que a Palavra de Deus deve estar na nossa mente, coração e lembrada de geração em geração, não apenas pelo intelecto, mas através de nosso relacionamento com Deus, e principalmente, com aqueles que Ele confiou o ensino.
O Exemplo como transmissão de conhecimento
No judaísmo, o ensino era transmitido oralmente para os seus filhos e os filhos dos filhos e assim por diante. Observamos que a criança judia se desenvolvia pelo que via e ouvia. Nesta situação, não se podia perder as oportunidades para se ensinar, daí os verbos: “assentado”, ao “deitar-se”, ao “levantar-se” e “andando”. Como a memória muitas vezes pode enfraquecer depois de algum tempo nas gerações posteriores e que não vivenciaram esta libertação de Deus no Egito, é preciso escrever, deixar registrado o que Deus recomenda em Dt 5. Ainda mais a necessidade de informar, de instruir os filhos de geração em geração, a respeito dos feitos de Deus em favor do povo no Egito. É a memória desta ação de Deus que não pode ficar esquecida, instruir quando sentado, em pé no caminho e até mesmo quando se deitar, ao final do dia e quando se levantar, ou seja, no início do dia. Realmente o povo judeu nos deixou um grande exemplo a ser seguido.
Um dos equívocos nas questões educacionais é que o conteúdo ensinado, supostamente, “não tem a ver” com o dia-a-dia. Deus nos mostra que o ensino deve fazer parte da realidade e do cotidiano do aluno. Os pais entendiam a relevância de associar os princípios bíblicos com a prática familiar. Como está hoje? Trazer à escola dominical faz parte, mas não é suficiente; nada substitui a responsabilidade dos pais na educação cristã dos filhos, haja vista que, em geral, eles ficam mais tempo com os pais, e estes são os seus primeiros exemplos cristãos, a família.
O Exemplo é sempre destacado nas Escrituras.
Em Malaquias 4:5-6 O profeta pede ao povo que lembrem da Lei, dos estatutos e juízos e mais tarde, seria enviado outro profeta com a missão de anunciar a vinda de Cristo e seu juízo aos corações, para que se convertam de geração em geração. O profeta tinha esta missão. Eles foram modelos de transmissão da vontade de Deus. Marcaram gerações com seus exemplos.
Citamos como exemplo de professor o apostolo Paulo, no versículo em que diz “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.” 1 Co11:1.
O apostolo já destaca a necessidade de ter um modelo a ser seguido, um modelo que ele mesmo seguia, isso porque também imitava outro, Jesus. Paulo instruiu-se aos pés de Gamaliel, mas foi discipulado por Barnabé no evangelho, e este se revelou um grande exemplo tanto na vida de Paulo como de João Marcos, que mais tarde veio escrever o evangelho de São Marcos, que originou o evangelho de São Lucas e Mateus.
Paulo foi um grande influenciador do evangelho, e de outros discípulos. “Tendo Paulo e seus companheiros...”At.13:13a., Paulo orienta Timóteo, seu discípulo, a seguir seus ensinamentos, sua conduta de vida, (...) mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. I Tm 4:12-13. E que a apesar das dificuldades, o Senhor livrou-o de todas e cita como exemplo ele mesmo. (...)Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, perseguições e aflições, tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icónio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou. II Tm 3:10-11 Verificamos que todos estes tiveram em suas vidas bons exemplos a serem seguidos que culminou em excelentes resultados pedagógicos e práticos em sua vida cristã como mestre.
Temos um referencial de mestre em Jesus Cristo que também tinha como maior instrumento pedagógico ele mesmo, o seu exemplo, em Mt 11:29b “(...)aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração. E colocado em prática em At.1:1 “Fiz o primeiro tratado, ò Teófilo, a cerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas ensinar.”
Professor você é o exemplo
Assim pensava Albert Schweitzer (1882-1936), missionário, escritor e teólogo alemão que foi também um dos maiores filantropos do século vinte e atuou também como médico e músico. Numa de suas mais célebres frases, ele disse: "O exemplo não é a principal coisa na vida: é a única”. A pedagogia do exemplo só existe quando há correspondência entre o que mostramos e o que somos. Podemos citar também o educador Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Sendo assim, temos a serviço da igreja diversos recursos pedagógicos excelentes, mas o principal material que realmente faz toda transformação educacional são pessoas, será sua maneira piedosa, temente a Deus no trato com seus alunos. O professor pode e deve influenciar o seu aluno de tal forma que possa gerar transformações profundas no caráter e na vida cristã, assim como Jesus fez com seus discípulos.
Vivemos sob a ótica de uma sociedade influenciadora, que interage, com uma velocidade surpreendente, portanto, faz-se necessários bons exemplos, professores cristãos que possam modelar positivamente seus alunos e consequentemente, sua igreja local.
Para ajudá-lo, podemos destacar algumas dicas do livro de John Maxwell, Como tornar-se uma pessoa de influência.Que ajudarão a relacionar-se melhor com seus alunos.
ü Comprometa-se com as pessoas – O compromisso de ajudar pessoas muda suas prioridades e ações.
ü Acredite nas pessoas – dê a elas sua confiança e esperança...
ü Dê sem esperar retribuições – se você precisar de algo das pessoas, não poderá liderá-las.
ü Dê oportunidades às pessoas – à medida que a pessoa que você cuida se tornar mais forte, ofereça-lhes oportunidades adicionais...
ü Ajude as pessoas a alcançarem um nível mais alto – o seu objetivo deve ser levar as pessoas a alcançar o seu potencial máximo.
Sendo assim, você professor deve ser modelo de vida cristã, isto é, amar profundamente as coisas de Deus, e amar ao próximo como a nós mesmos para que as pessoas reconheçam a presença de Cristo em nosso meio e se unam a nós no slogan: “Vivamos o Evangelho”. Que possamos ser um referencial em nossa igreja, assim como Jesus foi para Paulo, Paulo foi para Timóteo, Barnabé foi para João Marcos e hoje eles são maravilhosos exemplos para Igreja de Cristo.
Simone Maia (sicamaia32@gmail.com)
Referências:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal.CPAD.RJ.2003.
PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª edição. CPAD. RJ. 2006.
HENRICHSEN, Walter. Discípulos são feitos, não nascem prontos. São Paulo: Atos, 2002.
MAXWELL, John. Como tornar-se um Pessoa de Influência. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.